Depressão em idosos de Maués será investigada

A depressão é a doença que mais atinge a população idosa em escala mundial. Foto: Divulgação
população de idosos no Brasil está aumentando e com a longevidade o organismo  fica mais suscetível a doenças. De acordo com a Revista Brasileira de Psiquiatria, a depressão é uma delas e se tornou a doença que mais atinge a população idosa em escala mundial. Essa informação despertou o interesse do pesquisador e médico geriatra, Euler Esteves Ribeiro, em iniciar uma investigação sobre o quadro de humor dos idosos do município de Maués (distante 356 Km de Manaus, Amazonas).
Há quatro anos, Ribeiro, que é diretor da Universidade Aberta da Terceira Idade – instituição ligada à Universidade do Estado do Amazonas (Unati/UEA), estuda o envelhecimento do homem amazônico. Em suas pesquisas, o médico identificou genes ligados à longevidade entre os habitantes do município, que concentra uma média da população idosa superior à mundial. “Em 2007, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o percentual de idosos em Maués correspondia a 1% da população, enquanto a média mundial é de 0,5%”.
Para o geriatra, a expectativa de vida do brasileiro está aumentando e isso traz algumas consequências que precisam de acompanhamento. Na avaliação dele, a prevalência de algumas doenças é resultado desse avanço da idade. “A solidão, o convívio com doenças crônicas, a dependência financeira, as perdas de pessoas próximas, a falta de atividade e decadência material são alguns dos motivos que tornam a população idosa vulnerável ao aparecimento da depressão”, explicou.
O perfil epidemiológico dos idosos de Maués em relação aos idosos de Manaus é baixo. “Ao traçarmos os perfis verificamos que os idosos da capital são mais hipertensos, diabéticos, obesos e têm mais osteoporose, que os idosos de Maués. Isso se dá devido à alimentação e ao modo de vida das pessoas. Em Maués, eles consomem mais frutas, comem tubérculos e derivados, castanhas e peixes, ricos em nutrientes e vitaminas. Além disso eles se exercitam mais, pois remam e percorrem a pé longas distâncias”, frisou o médico.
PROCESSO DEPRESSIVO
Diante desses fatores positivos o médico vai traçar o perfil relativo ao humor desses idosos. E a partir desse estudo vai estudar como ocorre o processo depressivo e encaminhar as pessoas identificadas com a doença para tratamento. “Quero saber como é o comportamento relativo ao humor dessas pessoas, lá a incidência de Alzheimer é menor que na capital, mas agora minha concentração será no processo depressivo, que é provocado por vários mecanismos, já citados”, adiantou.
Ao todo, 1.813 pessoas com idade entre 60 e 90 anos, residentes em 72 comunidades do município farão parte da pesquisa intitulada ‘Depressão e Aptidão Funcional em Idosos Atendidos por Unidades Básicas de Saúde que adotam a estratégia de Saúde da Família no Município de Maués – Amazonas’. O estudo receberá apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) , no âmbito do Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa – Pró-Estado.
Ribeiro salientou que os idosos identificados com depressão serão encaminhados para tratamento da doença. “O tratamento inclui a associação de drogas específicas e psicoterapia. Nós já temos uma equipe formada pela Unati trabalhando no município. São médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais que fazem acompanhamento das pessoas que necessitam, e eles vão nos ajudar nesse novo trabalho”, concluiu.
Fonte: Ciência em pauta