Órgãos públicos têm poucas informações sobre turismo sexual no Amazonas

Apesar das investigações sobre a exploraçaõ sexual no Amazonas, órgãos públicos têm pouca informação sobre o tema.
O turismo sexual está preocupando mais os amazonense, segundo revelou uma pesquisa realizada pela Amazonastur (Célio Junior)

A prática do chamado “turismo sexual” no Amazonas é conhecida e até comum, mas as informações sobre o tema nas esferas públicas do Estado ainda são raras. Uma das poucas pesquisas realizadas faz parte de um estudo maior realizado pela Amazonastur (órgão público de turismo) em quatro municípios do Estado desde o ano passado: Parintins, Manacapuru, Itacoatiara e Maués. No entanto, a pesquisa faz apenas uma referência ao item “exploração sexual”, cujo resultado aponta uma maior preocupação das populações locais pela prática.

De acordo com as pesquisas da Amazonastur, a preocupação com a exploração sexual durante os principais eventos culturais aumentou entre as populações do interior do Amazonas. Na questão “qual é o principal aspecto negativo da realização da festa em seu município?”, foi observado que a exploração sexual ganhou destaque entre as respostas, conforme informou a presidente da Amazonastur, Oreni Braga.

Segundo Oreni, desde 2003 o órgão realiza pesquisas socioeconômicas nos principais eventos do Estado para identificar o perfil dos turistas, características das viagens, avaliação de serviços oferecidos, grau de satisfação. A população local também é entrevistada para se compreender a impressão desta sobre os eventos e as atividades turísticas. “O tema começou a surgir como resposta a várias ações que o Governo do Estado vem fazendo para enfrentar esse problema”, disse.

Repercussão

Um dos casos de maior repercussão envolvendo agências que incluem nos pacotes o turismo sexual veio a público em julho do ano passado, quando a ong Equality Now, sediada nos Estados Unidos, entrou na justiça daquele país contra a empresa Wet-A-Line, que operava no Amazonas em parceria com a empresa Santana Eco Fish Safari. A repercussão foi maior porque, segundo a ong, os turistas exploravam sexualmente indígenas da etnia mura do Município de Autazes.

O caso continua tramitando na justiça norte-americana. No Brasil, informações repassadas pela diretoria da 4ª Vara da Justiça Federal do Amazonas, onde o processo também está sendo tocado, dão conta de que o caso se encontra em segredo de Justiça para resguardar as vítimas, o que impede o juiz de divulgar informações. Mas, por meio de consulta feita pelo número do processo, é possível ver que o caso está em fase de citação dos réus.

Fonte: Acrítica