Boa Vista do Ramos já tem novo prefeito

Glauciomar Correa, vice de Elmir Lima, cassado ano passado, retornou ao cargo e assumiu, automaticamente, a chefia do executivo municipal.

O prefeito de Boa Vista do Ramos (a 270 quilômetros de Manaus), Glaucimar Correa, dispensou as formalidades impostas pela Câmara Municipal da localidade, e tomou posse ontem mesmo na prefeitura, reintegrado por ordem judicial expedida na última terça-feira (19/06). Na decisão, a desembargadora Maria das Graças Figueiredo o reconduziu ao cargo de vice-prefeito, mas, como o prefeito da cidade, Elmir Lima, teve o mandato cassado ano passado, Correa automaticamente assumiu o cargo de chefe do executivo municipal.
Ele teve a ato de posse marcado pela Câmara Municipal de Boa Vista do Ramos para ocorrer amanhã, às 15h, mas, segundo sua advogada, Maria Benigno, a cerimônia tornou-se desnecessária, já que a decisão da Justiça invalidou sua cassação e, como ele já havia tomado posse na primeira ocasião em que assumiu como vice-prefeito, bastava retornar à prefeitura.
Contudo, para evitar conflitos políticos, a exemplo do que ocorreu quando o presidente da Câmara, Marlon Trindade, assumiu no lugar de Elmir Lima, Glaucimar preferiu ir à prefeitura acompanhado de quatro policiais militares, os quais, segundo testemunhas que preferiram ter a identidade preservada, estavam à paisana, o que gerou desconfiança no prefeito substituído, Marlon Trindade.
Por conta disso, disse uma fonte ligada a Marlon, ele pediu aos PMs a documentação dos militares e como ela não foi apresentada, ele acionou a polícia, que na pessoa do sargento Aluísio Bentes, deteve o grupo para averiguação. Eles seriam encaminhados à cidade de Parintins (a392 quilômetros de Manaus), para informarem no Batalhão da PM quem tinha autorizado a ação, mas foram liberados em seguida.
A assessoria da PM informou que a liberação se deu após confirmação de que os mesmos estavam autorizados a acompanhar o prefeito para garantir sua integridade e a ordem no local, conhecido por ter sido palco de conflitos políticos desencadeados no final do ano passado, com a cassação do então prefeito Elmir Lima (PSD). No entanto, admitiu que na situação fazia-se necessário o uso do fardamento para identificação de pronto.
A advogada do prefeito, Maria Benigno, informou que para assegurar a manutenção da posse, ela encaminhou ao juiz da comarca, Renier Guimarães, um pedido de segurança para o chefe do executivo, o qual, acredita ela, já foi despachado.
O prefeito Glaucimar Correa informou que não perdeu tempo e tomou posse ontem mesmo, como lhe é de direito, preferindo não esperar pela cerimônia da câmara. Ele disse que agora avaliará a atual situação da prefeitura e destacou que não descarta a possibilidade de candidatar-se à reeleição.
A equipe de acrítica.com tentou contato com Marlon Trindade, mas não obteve sucesso. O juiz Renier Guimarães não foi localizado para comentar o caso.
Entenda o caso
A decisão da desembargadora Maria das Graças Figueiredo de reintegrar o vice-prefeito ao cargo, segundo Maria Benigno, considerou que as acusações que levaram à cassação do mandado da dupla (Glaucimar e Elmir Mota) eram voltadas apenas ao prefeito da localidade e não ao vice. Elmir Mota foi acusado por vereadores de Boa Vista do Ramos de não responder às solicitações de informações feitas pelos parlamentares, de atrasar o repasse do duodécimo à Casa Legislativa, de irregularidades em licitações, de negligenciar a segurança do patrimônio público e de denegrir a imagem de alguns vereadores durante entrevista a uma emissora de rádio local.
Além disso, contribuiu diretamente para a cassação do ex-prefeito o vídeo, o qual foi postado com exclusividade pelo portal acrítica.com, no qual ele aparece entregando dinheiro ao vereador Joaquim Teixeira (PSC). O parlamentar foi flagrado em imagens gravadas em um escritório localizado no Centro de Manaus, recebendo R$ 25 mil em espécie das mãos do prefeito Elmir Lima Mota, valor que ele “guardou” na cueca, nos bolsos e na meia.
A denúncia foi levada às mãos do superintendente da Polícia Federal (PF), Sérgio Fontes, à época, pelo vereador de oposição Júnior Andrade (PT). O prefeito alegou que o dinheiro era fruto da venda de um veículo e que estava sofrendo extorsão por parte de vereadores de oposição, justificativa que não evitou sua cassação.
Com informações de Acrítica