Segredos da longevidade dos ribeirinhos de Maués no interior do AM

Pesquisas apontam as características naturais da Amazônia como principal motivo para a longevidade.

MANAUS –  Já pensou em como envelhecer bem? Os segredos vêm do estilo de vida de moradores de uma cidade no interior da Amazônia. No município de Maués (a 267 quilômetros de Manaus), 1% da população já ultrapassou os 80 anos de idade. O dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao ano de 2010, é considerado alto em relação a média nacional de aproximadamente 0,5% de cidadãos nesta faixa etária. Estudos apontam o modo de vida ativo do ribeirinho amazônico como a principal razão da longevidade.

O diretor da Universidade Aberta da Terceira Idade (Unati), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Euler Ribeiro, pesquisa sobre a longevidade do homem amazônida há mais de dez anos. Em entrevista ao portalamazonia.com, ele falou sobre estudos que identificaram contra-pontos entre os idosos do município de Itacoatiara, no Amazonas, e de Brasília. Os resultados apontaram que os moradores da metrópole apresentavam número maior e níveis mais graves de doenças como osteoporose, diabetes, obesidade e demência.

Resultados das pesquisas também apontaram diversos fatores para a resistência do povo ribeirinho contra doenças características da terceira idade. “Em 2006, quando estudei a questão da osteoporose no Amazonas e em outros Estados, percebi que as mulheres amazonenses têm menos probabilidade de manifestar a doença, que deteriora os ossos”, explicou. A razão seria a maior intensidade da irradiação solar no Equador, que influencia no desenvolvimento de Vitamina D, capaz de fortalecer o tecido ósseo.

Atualmente, os estudos sobre longevidade estão concentrados em Maués. O município contabilizava 52,2 mil habitantes em 2010, dos quais 614 passavam dos 80 anos de idade. A explicação para a vida mais longa e saudável é encontrada na genética. De acordo com os estudos de Ribeiro, as células do organismo de cerca de 30% da população do município apresentaram a substância Polipoproteína E2, conhecida como marcador genético para a longevidade.

O trabalho ribeirinho é outra característica dos longevos da cidade amazônica. A pessoa mais idosa do município tem 103 anos e, segundo o especialista, está “saudável como um adolescente”. Por questões de ética da pesquisa, o médico não pôde revelar o nome do homem. “Ele trabalhou como agricultor até os cem anos. Só parou agora porque a família se mudou para Manaus. Ele é o maior exemplo de que a prática de exercícios só podem resultar em uma vida mais longa e saudável”, alegou.

Alimentação
Outro fator determinante, segundo o médico Euler Ribeiro, é a alimentação ribeirinha. A falta de corantes e gorduras nocivas à saúde na dieta interiorana resultam em mais anos saudáveis. “Nós temos o açaí, camu-camu – que é a fruta mais rica em Vitamina C do mundo- e a pupunha, alimento mais rico em Vitamina A no mundo. Ou seja, comprar vitaminas na Amazônia é um desperdício de dinheiro”, contou o especialista.

O fruto mais produzido do município é uma das principais fontes de benefícios à saúde: o guaraná. Os moradores estão acostumados a plantar o fruto, colhê-lo, transformá-los em bastões e relar o guaraná na língua do pirarucu – conhecida como uma lixa natural por conta dos micro-dentes do peixe amazônico. “O guaraná evita o câncer, diabetes, obesidade, mantém a força muscular. É um alimento realmente completo para qualquer pessoa”, destacou.

Fonte: Portal Amazônia